Há quem diga que a amizade é o caminho mais curto para se chegar ao amor. Sim, o amor no sentido literal da coisa. Não apenas eu, mas creio que outras pessoas também concordam com essa teoria. Como por exemplo, Samuel e Micaela. Na época da escola, exatamente no último ano, eles estavam muito apegados. Os outros amigos já haviam percebido que outro sentimento estava surgindo além da amizade, exceto os dois. Porém, num dia como qualquer outro, Samuel explodiu com Micaela por ciúmes de um rapaz. Brigaram feio, como outras vezes, mas era algo ainda mais intenso. Ficaram dias sem se falar. A saudade batia forte. Até que ela o encontrou por acaso no parque da cidade. Sorriram, se abraçaram forte e, no meio de árvores e cantos de pássaros, o doce beijo de primavera aconteceu entre eles.
Começaram, então, a namorar e um grande romance surgiu. Às vezes não se entendiam, brigavam e terminavam. Mas no mesmo instante, reatavam com um grande beijo. Eram loucos um pelo outro. Até hoje não sei porque esse romance não foi levado a diante. Terminaram antes da formatura, acho que Micaela estava passando por problemas pessoais. Ela foi pra faculdade em outra cidade, ele ficou e seguiu a vida, como já sabemos, e nunca mais foi a mesma coisa. Até que recentemente, se reencontraram por um motivo já explicado.
No dia seguinte ao enterro de Erik, todos estavam mais calmos e conversavam sobre os rumos que cada um levou. "Não acredito que conheço um super modelo." - Disse Olívia, rindo para Filipo, que brincou: "Não dou autógrafos para conhecidos, não adianta insistir!" Os amigos estavam reunidos novamente, quase como nos velhos tempos. Alguns iam ficar por pouco tempo na cidade, Cristóvão já não sabia ao certo se ia embora ou não.
A noite chegou, e depois de passar parte do dia conversando com os amigos, Samuel foi para o parque. Sentou embaixo da sua árvore favorita e ficou observando o belo céu estrelado. Não havia percebido quando alguém muito especial apareceu e disse: "Então você continua vindo aqui. Eu sabia que ia te encontrar neste lugar." Era Micaela.
- Oi Micaela, senta aqui.
- Sempre achamos fascinante observar o céu estrelado, não é? - Respondeu ficando ao lado dele.
- Era uma das coisas que tinhamos em comum.
- É, assim como tomar sorvete de limão com cobertura de leite condensado. Gosto até hoje.
- Lembra quando eu exagerei, tomei umas três taças e acabei não indo à festa de aniversário do Erik porque não saia do banheiro de jeito nenhum? Tive uma noite de rei, como dizia minha mãe.
- Lógico que lembro. Fico rindo sozinha pensando em você... Quando fazia suas trapalhadas.
- Então pensa em mim?
- Não foi isso que quis dizer... Você me entendeu...
- Eu ainda fico pensando em você. Muito, na verdade. - Ele interrompeu.
- Samuel, não começa, por favor.
- Por que não? Por que você sempre acha que não podemos ficar juntos?
- Eu não posso. Eu... Eu sabia que seria um erro vir aqui. - E levantou.
- Diz que não gosta de mim. Diz que não sente mais nada. Eu realmente acho que você ainda me ama, assim como eu ainda te amo. - Ele afirmou segurando o braço de Micaela, a evitando de sair.
Um silêncio surgiu e, em seguida, ela apenas concluiu: "O que a gente teve no passado acabou. Foi apenas um lindo romance. Mas nem todos os lindos romances duram para sempre." Com um sorriso, e os olhos carregados em lágrimas, Micaela deixou Samuel sozinho. Ele continuou a observar o céu, esperando ver uma estrela cadente para um desejo ser realizado. Mas será que apenas uma estrela cadente é suficiente para um romance começar de novo?
